terça-feira, 6 de março de 2012

Temos vagas

Com média de público de 2.626 torcedores, Estadual tem jogos deficitários, com até 13 torcedores pagantes

Quem viu as imagens do Estádio Domingão, em Horizonte, na quarta e na quinta-feira da semana passada, tomou um susto. Somando titulares, reservas e a comissão técnica dos dois times, havia mais gente dentro de campo do que nas arquibancadas.



Na quarta-feira, 37 torcedores pagaram para ver a vitória do Ferroviário por 3 a 2 diante do Guarany de Sobral, gerando uma renda de R$ 284,00. No dia seguinte, Tiradentes 2 a 1 Itapipoca teve apenas 22 espectadores, público correspondente à arrecadação de R$ 160,00.

Os números só não são mais vexatórios do que a goleada do Tigre, por 4 a 0, sobre o Guarani de Juazeiro, em 25 de janeiro passado. Naquela ocasião, só 13 torcedores pagaram ingresso, gerando uma renda de R$ 130,00.

Até a 12ª rodada, a média do Cearense é de 2.626 torcedores por jogo. O número é melhor que a média da competição do ano passado - de 2.483.

Terceira pior

Considerando os últimos dez estaduais, a média de público deste ano é a terceira pior, superando apenas a de 2003 (2.577 torcedores/jogo) e a de 2011.

Não à toa o Tiradentes é o clube com a pior média de público. Em cinco partidas como mandante, realizadas no PV ou no Domingão, o clube tem média de 139 pagantes e R$ 1.111,00 de renda por jogo.

"As despesas são elevadas. Em jogos que possuímos o mando de campo, temos, em média, um gasto de R$ 10 mil", conta o presidente do Tiradentes, sub-tenente Fernandes.

Sem alternativa mais barata, o Tigre, acaba "sempre ficando no prejuízo". "Já apresentamos à Federação a alternativa de fazer jogos preliminares antes de Fortaleza ou Ceará. No entanto, como o PV só possui dois vestiários, ficou inviável. Agora, tentamos junto ao presidente (da FCF), Mauro Carmélio, baratear os custos", completa.

As maiores rendas do Tiradentes no Estadual, só são obtidas em jogos contra Ceará e Fortaleza. "Tem muita gente se beneficiando com o futebol, com isso, os clubes pequenos estão fadados a falência", conclui.

Segundo o secretário-geral da FCF, Marcos Augusto Costa, a média de público caiu a partir de 2010 porque a competição passou de 10 para 12 clubes. "Quem carrega público para os estádios são Fortaleza e Ceará. Com 12 times, a média cai, o campeonato fica inchado e tem muito jogo desinteressante", reconhece.

A solução, segundo ele, é a diminuição de 12 para 11 clubes em 2013, voltando aos 10 times em 2014, o que já está previsto no regulamento. Mesmo assim, o dirigente considera a presença de público este ano satisfatória. Costa pondera que o Castelão está fechado e que as finais, que contribuem para elevar a média de público, ainda não foram disputadas. "O que estou vendo em relação ao ano passado é um índice muito maior", defende.

Em relação ao déficit de alguns times, o secretário analisa que a falta de jogos nos estádios desses clubes atrapalha. "O Ferroviário tem estádio, ele tem de investir. A solução a curto prazo é jogar em casa", defende. A liberação do Estádio Antony Costa, no bairro Antônio Bezerra, pode ser uma saída para os times sem estádio, conforme o dirigente.

FCF descarta preliminares

Colocar os times de torcidas menores para fazerem jogos preliminares de Ceará e Fortaleza no Presidente Vargas poderia ser uma alternativa para não haver tantos jogos com arquibancadas vazias. No entanto, a alternativa é descartada pela Federação Cearense de Futebol (FCF).

"Existem vários problemas: quanto ao custo do aluguel? O time da principal bancaria o jogo preliminar, mesmo aumentando suas despesas? Os times da preliminar teriam parte da receita ou não teriam nada?", indaga o secretário-geral da entidade, Marcos Augusto Costa.

O dirigente lembra que o PV só tem dois vestiários e para que as quatro equipes dividam o mesmo espaço precisaria haver intervalo de uma hora entre os jogos.

A possibilidade de estragar o gramado do PV é outro risco. "Operacionalmente, é muito complicado fazer preliminar".

Grandes preocupados

Não apenas os pequenos reclamam da média de público. Para o vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, o calendário estadual é deficitário em todo o País. "Aqui, a situação é pior porque você só tem Ceará e Fortaleza com torcida em condições de gerar bilheteria", lamenta.

A cota paga pela TV para transmitir os jogos é uma alternativa que ajuda os clubes a terem uma fonte segura de renda, segundo ele. A volta do Nordestão em 2013 também é vista como uma possibilidade de garantir maior atração para o torcedor.

Para o presidente em exercício do Fortaleza, Elpídio Filho, a média de público do Campeonato Cearense é muito baixa a ponto de preocupar as diretorias. "A nossa média em si é boa, mas as dos Estaduais no Brasil inteiro, são muito pequenas", diz.

"Precisamos salvar os campeonatos estaduais", defende Elpídio. "Para completar nossa folha de pagamentos, precisamos de alternativas às bilheterias", finaliza o dirigente.

SAIBA MAIS

CUSTOS
Os custos de um clube em uma partida de futebol são muitos

FIXOS
São exemplos de custos fixos o aluguel do estádio, o quadro móvel (pessoas contratadas para trabalhar no jogo), o seguro do torcedor (R$ 0,18 por ingresso) e a taxa de arbitragem (R$ 1.350 para árbitro, auxiliares e quarto-árbitro)

VARIÁVEIS
Alguns custos são calculados a partir de um percentual da renda, como o Fundo de Amparo ao Atleta, a taxa da Apcedec, o INSS e a taxa de apoio ao representante cearense na Série D do Brasileirão (2% da renda)

Diário do Nordeste

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