quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Dessa história, todo mundo já sabe...Mas vale a pena relembrar: vou consultar o meu curral (às minhas bases)
Vou utilizar dois nomes fictícios para ilustrar este exemplo: Dona Maria de Saturno é costureira e líder de uma associação de um bairro qualquer. Ela coordena o trabalho de mais 40 colegas. Ou seja, é a líder por ter sido a criadora da associação. Tem no máximo a 4ª série do ensino fundamental . É semi-analfabeta. Seu Joaquim de Júpter coordena o trabalho de uma escolinha de futebol também em um determinado bairro. É ele o responsável pela organização de campeonatos na periferia. A sua liderança consiste na organização das competições e na administração do campo de futebol. Com base nessa liderança, muitos que ali frequentam têm um certo grau de respeito pelo líder. São pessoas como a Dona Maria e o seu Joaquim que são assediados por diversos tipos de políticos nas vésperas de eleições. Cada um promete um peso maior. O líder informa que vai apoiar o candidato que paga mais. Dentre as promessas estão desde o calçamento da rua, água encanada, energia elétrica, perfuração de poços , luz na pracinha até mesmo um simples churrasco. Excetuando-se esta última, as demais seriam obrigações de quem exerce atividade política. Para o líder, que muitas vezes, não sabe nem assinar o nome, a promessa é de um cargo na prefeitura local ou um montante de dinheiro, por exemplo, R$ 15 mil reais, caso este consiga angariar o maior número possível de votos naquela comunidade. Em outras palavras, o nome desse acordo é chamado de curral eleitoral. Dessa forma, muitos políticos, aproveitam-se do baixo grau de instrução da comunidade, população e promete tudo e mais um pouco. Vários e vários são eleitos utilizando dessa forma criminosa de enganar. É como se fosse um adulto enganando uma criancinha. Quando o candidato a deputado federal ou estadual, por exemplo, informa que vai consultar às suas bases, vai à procura do vereador ou do prefeito do município que comanda aquele curral (o líder e sua comunidade). Dá o seu preço. O preço muitas vezes é a troca dos votos pela indicação de algum parente ou chegado a um cargo público importante. A máquina administrativa, que deveria ser composta por servidores de carreiras compromissados com as suas atribuições diárias e trabalhando em benefício da maioria, na verdade, é composta por pessoas indicadas e que não tem nenhum compromisso em trabalhar em prol de todos, mas sim em proveito daquele político de quem é apadrinhado. O resultado, a própria população sente no dia a dia, quando falta de tudo, desde um atendimento médico de boa qualidade até a falta d’agua. Ou seja, Dona Maria e seu Joaquim podem estar dando um tiro no próprio pé. Então quando o candidato informa na TV e rádio que vai consultar às suas bases, vai consultar o seu curral, o seu líder. Portanto é um crime o que se faz nas comunidades mais pobres. Os grandes coronéis incentivam a fome, a péssima educação, a falta de saneamento etc. , etc . para que no futuro eles próprios possam se beneficiar dessa forma de fazer política. É muito pouco provável que este quadro mude no nordeste brasileiro, porque sem cultura, educação grande parte da população não terá o discernimento necessário para entender o prejuízo que virá no futuro. O pior é que a grande mídia silencia, pois boa parte vive às custas de contra-cheques do Poder Público. Neste primeiro turno, uma pessoa de minha família, que tem um certo poder como líder, recebeu um candidato. Eu acompanhei tudo bem de pertinho. Lá até salgadinhos tinha por conta do candidato. Depois que ele e sua gangue saíram, pedi a palavra e mostrei a importância de não compartilhar com este tipo de bandidagem. Mostrei para todos o carrão, o bairro que ele morava às custas dos votos delas. Enfim, ficou acertado um faz de conta de que todas iriam votar no bandido, mas no final todas elas entenderam a minha mensagem.
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