Por Daiane Rufino
Fotos: Dantércio Cardoso
O delegado da Polícia Federal Janderlye Gomes, responsável pelas investigações dos supostos desvios de recursos públicos na Assembleia Legislativa do Piauí conversou pela primeira vez com a imprensa após o vazamento de informações sigilosas. Antecipando que não iria falar sobre o caso, Janderlye trocou algumas palavras com as equipes de reportagem do Portal AZ e do jornal Diário do Povo ao sair de uma reunião na sede da PF em Teresina.
Ao ser questionado se estaria intimidado diante das críticas feitas pelo deputado estadual Robert Rios de que a PF estaria forjando provas, Janderlyer disse que as declarações “só estimula”. “Rapaz não tem essa história de dar credibilidade a estas declarações, se eu fosse dar atenção a todo investigado”, disse o delegado. “Quem tem medo da Polícia é quem tem algo a dever”, completou.
O Portal AZ perguntou se a reação dos parlamentares do Piauí estaria sendo semelhante às reações dos deputados do Estado de Alagoas, quando Janderlyer comandou investigações que culminou com a prisão de parlamentares na Operação Taturana. Ele respondeu com três frases: “Veja o desespero deles”; “olhem lá e vocês verão o porquê do desespero deles”; “veja o que aconteceu em Alagoas, olhem lá e vocês verão”.
Além de citar a operação que prendeu deputados em Alagoas, Janderlyer também falou sobre sua passagem pelo estado de Rondônia e sobre a Operação Dominó que também prendeu deputados e o presidente da Assembleia Legislativa em função de desvios de verbas.
Reticente, Janderlyer falou rápido e não deixou ser fotografado. Aconselhou à imprensa a não estimular “esta briga” que “não vai dar a lugar algum”. Perguntou aos repórteres se o Ministério Público já havia se manifestado sobre o caso.
Defendendo-se ele falou de seu profissionalismo. “Assim como vocês da imprensa eu também faço meu trabalho [...] Eu sou técnico, eu só investigo”, argumentou.
Sobre o vazamento de informações sobre a investigação, Janderlyer avisou que não foi ele que falou a qualquer meio de comunicação. “Eu também não falo para a imprensa de outros estados”.
Sem dar maiores detalhes, o delegado disse que a investigação não começou com ele, que já é “bem antiga”, deixando subentendido que quando chegou à PF do Piauí, a investigação já estava em curso.
O Portal AZ esclarece que durante toda a conversa com o delegado Janderlyer ele repediu inúmeras vezes que não tem autorização e não poderia falar sobre o assunto. “Eu não tenho autorização [...] Eu não posso falar, se eu falar estaria quebrando uma regra”, explicou.
A conversa aconteceu no estacionamento da sede da PF, enquanto o delegado se deslocava até o seu carro. Esclarecendo, portanto, que Janderlyer não concedeu entrevista sobre o assunto, apenas respondeu rapidamente a perguntas sem entrar diretamente em detalhes sobre as investigações.
OPERAÇÃO DOMINÓ
A Operação Dominó foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 4 de agosto de 2006 com o propósito de desbaratar o desvio de recursos públicos na assembléia legislativa do estado de Rondônia.
Cerca de 30 pessoas suspeitas de envolvimento foram presas, entre elas o juiz José Jorge Ribeiro da Luz e o diretor-geral da Assembléia Legislativa José Ronaldo Palitot.
Segundo a Polícia Federal, o grupo já havia desviado ao menos 70 milhões de reais por meio de contratos fraudulentos que partiam da Assembléia Legislativa. Os recursos públicos eram desviados para pagamentos de serviços, compras, obras superfaturadas e em alguns casos, objetos de contratos nem eram entregues e serviços não eram feitos.
O grupo também é acusado de exercer influência indevida e promíscua sobre agentes do Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e do Poder Executivo do Estado. As investigações tiveram início em junho de 2005.
A Operação Dominó contou com a participação de 300 policiais federais dos Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Acre e Rondônia. Dentre os presos estão deputados estaduais, um procurador, o desembargador presidente do TJ/RO, além de um juiz de direito e empresários.
No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foi encontrada grande soma de dinheiro na residência de um dos deputados em notas pequenas, sugerindo compra de votos. O filho de outro deputado foi preso em flagrante por posse ilegal de uma arma de fogo.
A Organização Criminosa Segundo as investigações, o grupo criminoso lesou os cofres públicos em cerca de R$ 70 milhões, e tem como principal membro o próprio Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Deputado Estadual José Carlos de Oliveira, conhecido como Carlão de Oliveira, um dos presos na operação.
OPERAÇÃO TATURANA
A operação Taturana aconteceu em dezembro de 2007 em Alagoas. A equipe da Polícia Federal comandada pelo delegado Janderlyer Gomes mais o Ministério Público e a Receita Federal atuaram no caso que investigava sonegação fiscal, fraudes em financiamentos bancários e lavagem de dinheiro. Na ocasião foram presos o ex-governador do estado de Alagoas, João Barros Filho e o então presidente da Assembleia Legislativa, Antonio Albuquerque (DEM).
No dia da operação o prédio da Assembléia Legislativa foi cercado pela polícia e todas as ruas de acesso ao local, no centro de Maceiói, local foram bloqueadas.
Segundo a Receita, foi identificada uma estrutura criminosa que atuava na Assembléia Legislativa de Alagoas e teria causado prejuízo de R$ 200 milhões aos cofres federais nos últimos cinco anos.
A operação envolveu 370 policiais e investigou a participação de deputados e ex-deputados da Assembléia Legislativa, suspeitos de envolvimento. A PF investigou ainda fraudes na restituição do imposto de renda dos servidores, com informações falsas em declarações.
A operação cumpriu 85 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão.
*Com informações do Correio do Brasil e Rondonia Agora
http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/223603_%E2%80%98vejam_o_que_aconteceu_em_alagoas_voces_verao_o_porque_do_desespero_deles%E2%80%99.html
A reportagem publicada com exclusividade pelo ai5piaui, do Caso da Assembléia Legislativa do Piauí, que usou dinheiro público para pagar até tratamento estético para a mulher de um deputado (Robert Rios Magalhães), repercutiu na Folha de São Paulo.
Há 15 dias, depois que os deputados estaduais do Piauí entraram na Justiça para não serem investigados pela Polícia Federal, o ai5piaui achou tudo muito estranho [quem não deve, não teme] e começou a investigar as contas da Assembléia Legislativa nos tribunais de contas do Estado e da União.
Descobriu e publicou o caso da ex mulher de Robert Rios, Betânia, que teria feito tratamento estético no valor de R$ 160 mil, pago com dinheiro público.
Passados 12 dias, nenhum site local (Portal AZ, Meio Norte, 180graus, Cidade Verde, Acessepiaui) publicou a denúncia. Ficaram no silêncio. Apenas o Clica Piauí repercutiu a matéria do ai5piaui. Como o caso ganhou repercussão nacional (a Folha repercutiu a denúncia exclusiva do ai5piaui), os outros sites locais resolveram quebrar o silêncio.
http://ai5piaui.com/index.php/13700/caso-da-alepi-repercute-na-folha-de-sao-paulo/?doing_wp_cron

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